O movimento humano como intencional e não maquinal
Descartes(1596/1650 - séculos XVI e XVII) marcou de forma incisiva e implacável a passagem do Renascimento para a Idade Moderna. Ele simboliza o moderno em oposição ao medieval, tanto que lhe coube a designação de Fundador da Filosofia Moderna.
Descartes reduziu o homem à realidade pensante e em alguns momentos chegou a negar a veracidade e a existência do corpo. Consentiu então, a separação abissal das respectivas ontologias: a res cogitans e a res extensa, encerrando o ser humano na experiência interior e fazendo radicar o que chamava de verdade no pensamento puro e no inteligível. Constatamos de forma clara e evidente um dualismo radical, no qual corpo e alma se apresentam como duas substâncias diferentes e independentes, duas formas distintas de realidade: a primeira substância é o pensamento ou a alma, a outra é a extensão ou a matéria. A alma é consciência pura, não ocupa lugar no espaço e, portanto, é indivisível. E a matéria, ao contrário é só extensão, ocupa lugar no espaço e por isso pode ser decomposta em partes. Ainda que o pensamento e extensão provenham de Deus, trata-se de duas substâncias independentes uma da outra. O corpo foi reduzido a res extensa e definido pelo conceito de espaço geométrico, tal como era o […] fundamento do rigoroso mecanicismo que dominou toda a física cartesiana. Assim, o corpo foi empurrado para o mundo físico susceptível às condições deste mecanicismo, passando a ser observado, mensurado e explicado como se fosse apenas uma mera máquina autónoma. A doutrina cartesiana sustentou o argumento do funcionamento do corpo, separado do espírito, como uma estrutura maquinal que se move com princípios mecânicos próprios, comparando-o como um relógio autómato.
A obra de Merleau-Ponty alcançou grande relevância ao defender lucidamente uma fenomenologia, sendo esta marcada por grande oposição a todo e qualquer tipo de dualismo tradicional: empirismo/intelectualismo,