O Movimento Caras Pintadas
Para compreender o motivo que, em 1992 nós jovens saímos as ruas pedindo o impeachment do então presidente Fernando Collor de Mello, é necessário que eu volte um pouco mais no tempo, vou tomar a liberdade de regressar 3 anos antes para poder relatar com detalhes, como era nosso país no fim dos anos 80. Nessa época, nosso país vivia sob hiperinflação, o antecessor de Collor, ( José Sarney) levou a economia brasileira para o buraco e a inflação chegou a bater na casa dos 80% ao mês. Meu pai, ao receber o pagamento no dia 5 tinha de correr ao supermercado para fazer as compras do mês. Nós enchíamos de três a quatro carrinhos com mantimentos até o talo como se o mundo fosse acabar e precisássemos ter um grande estoque de comida, no entanto, não havia fim de mundo nenhum, nós simplesmente fazíamos isso porque no dia seguinte não seria mais possível comprar a mesma quantidade de comida com aquele dinheiro. Nessa época, quem queria ter dinheiro guardado em casa, comprava dólares, aplicava na poupança, comprava carros, terrenos, linhas telefônicas, enfim, não podia de maneira alguma deixar o dinheiro na carteira, do contrário, simplesmente virava pó. Meus país faziam parte da classe média brasileira ( ah, sim a classe média daquele tempo, não é a mesma de hoje), investia seu dinheiro em aplicações e imóveis como todo mundo naquela época fazia. Tínhamos uma vida relativamente confortável. Meu pai não trocava de carro todo o ano, ou viajava para o exterior, não éramos ricos, mas vivíamos relativamente bem A classe pobre desse tempo, não é muito diferente da mesma classe pobre dos dias atuais. A diferença principal entre as duas é que a primeira não se perdia no crediário. O pobre quando queria comprar uma geladeira nova ou TV, primeiro ele se esforçava para juntar pelo menos parte do dinheiro