O moderno hedonismo autonomo e imaginativo
Guilherme Almeida e Victor Abrahão
O hedonismo (do grego hedonê, "prazer", "vontade") é uma doutrina filosófico-moral que afirma ser o prazer o supremo bem da vida humana. Como os preceitos morais e filosóficos vigentes estão em constante processo de mutação, com o hedonismo não poderia ser diferente. Cada época, espaço e pessoa possui uma forma própria de lidar com a busca pelo prazer. Acontece, no entanto, que existem tendências subjetivas que induzem o hedonismo a ser exercido de determinadas formas, e é sobre essas tendências que Campbell se sustenta para descrever o hedonismo moderno e, com isso, explicar o consumismo moderno.
O autor começa sua explanação definindo o hedonismo moderno como “conduta fomentada pelo desejo da antecipada qualidade do prazer prometido”. Ainda sem explicar, diz que o hedonista moderno é “um artista do sonho”, com “aptidão em criar uma ilusão que se sabe falsa, mas se sente verdadeira”. Para começar a explicação, Campbell usa os personagens Billy Liar, de Hall e Waterhouse, e Walter Mitty, de Thurber, como exemplo. O primeiro trata-se de um mentiroso compulsivo, uma pessoa que se pega e é pega constantemente mentindo, pois se deixa levar por seus devaneios. Devaneios, na definição do autor, são “imagens futuras positivamente vívidas (agradáveis) trazidas à mente” e que estão dentro dos limites possíveis. Desta forma, ao dizer que Billy Liar se perde em devaneios, quer-se dizer que ele se deixa levar pela imaginação das possíveis decorrências do presente, tendendo a imaginar um futuro prazeroso e possível.
É importante notar que os devaneios são enquadrados como algo possível de ocorrer, uma “realidade potencial”, pois é justamente nesta característica que Billy Liar destoa de Walter Mitty – Mitty, diferentemente de Billy, não é um mentiroso compulsivo; ele apenas possui uma “vida secreta” na sua imaginação, a qual ele se deixa levar em fantasias de uma outra vida, uma vida