O modelo estereotipado de supremacia branco-europeu no conto Miss Edith e seu tio
4188 palavras
17 páginas
O modelo estereotipado de supremacia branco-europeu no conto Miss Edith e seu tio Fátima Morais Mewes
Resumo
Este artigo propõe uma análise do conto Miss Edith e seu tio, de Lima Barreto, à luz da teoria pós-colonial. O conto narra a estadia de um casal inglês em uma pensão no Rio de Janeiro do início do século XX e a maneira solene como são vistos pelos moradores, como superiores e evoluídos. O estereótipo de supremacia do branco europeu se revela tanto no casal inglês, quanto na fascinação dos personagens (brasileiros) que admiram o estrangeiro e o veem como modelo na busca da própria identidade. Essa suposta superioridade resulta também do poder construído, conforme Foucault, em que o discurso colonial atua como um recurso significativo na objetificação do outro, pois está centrado no estereótipo como forma de poder que anula a imagem do outro.
Introdução
Embora pouco se fale em uma literatura pós-colonial brasileira, não se pode negar que no papel de ex-colônia portuguesa, mesmo que distante no tempo. Há textos que podem exemplificar o uso da teoria pós-colonial. O autor Lima Barreto, que escreveu sua obra durante as duas primeiras décadas do século XX, deixou em muitos de seus contos críticas ferrenhas a uma herança colonial de racismo, inferiorização e manutenção de um discurso que justifica o estereótipo da supremacia do europeu e da inferioridade do mulato. Aliás, ele mesmo um mulato pobre, à margem da classe intelectual da época, e marcado pelo preconceito social e racial. Entregou-se à vida boêmia e ao alcoolismo. Por isso a escolha de um de seus contos para esse estudo.
Segundo Bonnici (2000) A reflexão teórica pós-colonialista não chegou à literatura brasileira, pois a independência política do Brasil se deu no início do século XIX, o que faz pensar que a marca colonial já tenha desaparecido da literatura nacional. Mas, o objetivo desse estudo é mostrar no conto Miss Edith e seu tio a maneira como o discurso colonial produz seus sujeitos