SEBASTIANISMO Sebastianismo foi um movimento que ocorreu em Portugal na segunda metade do século XVI como consequência da perda do rei D. Sebastião na batalha de Alcácer-Quibir (1578). Por sua vez, o trono português terminou nas mãos do rei D. Filipe II de Espanha, já que o jovem monarca não tinha deixado herdeiros ao trono lusitano, o que afunda Portugal em uma época de inércia e de brumas, à espera de um heroico rei salvador. O mito sebastianista sustenta a esperança messiânica e a crença nacional no regresso de D. Sebastião. O rei “Desejado” iria vencer toda a opressão, sofrimento e miséria em que Portugal vivia, restituindo-lhe o brilho e a glória de tempos passados. Na primeira metade do séc. XVI vários pretensos profetas, desafiando os rigores da Inquisição, procuraram contagiar o povo, especialmente os cristãos novos, com a sua fé visionária. Entre esses «profetas» contava-se Gonçalo Anes, de alcunha «o Bandarra», sapateiro de Trancoso, homem cujas trovas foram compostas no reinado de D. João III e largamente divulgadas. Estas trovas foram interpretadas, posteriormente à perda da independência em 1580, como sendo relativas a D. Sebastião, e tornaram-se como que «o evangelho do sebastianismo». No Canto I d’Os Lusíadas, na Dedicatória, Camões dedica a sua obra ao rei D. Sebastião, num tom que é laudatório e enaltecedor: “Vós, poderoso Rei, cujo alto Império O Sol, logo em nascendo, vê primeiro”. O poeta vê no jovem rei a garantia da independência do país e considera-o talhado para uma missão grandiosa, no cumprimento da vontade de Deus: dilatar a fé cristã e o império [“Para do mundo a Deus dar parte grande.”]. Também no Canto I, o sujeito lírico incita D. Sebastião a atrever-se em novas guerras em África, pois os povos desejam ser por ele governados: [Mas enquanto este tempo passa lento/De regerdes os povos, que o desejam,/Dai vós favor ao novo atrevimento]. Como sabemos, o atrevimento de D. Sebastião foi de tal ordem que o preço foram milhares de