O Mito do Quinto Império
O Quinto Império é um dos grandes mitos específicos da cultura portuguesa. Surge associado ao desejo de recuperar a glória nacional (na tradição messiânica do Sebastianismo) e ao desejo da própria independência.
Desta forma, desenvolve-se e divulga-se numa época especialmente problemática da História nacional, o domínio espanhol, que durou aproximadamente seis décadas. Aliando uma interpretação particular da História a um certo sentimento religioso (de que resultou uma concepção dos acontecimentos históricos como determinados pela Providência divina), dizia-se que D.João IV estava destinado a reinar sobre um império tão glorioso como os quatro da Antiguidade (os Impérios assírio, egípcio, persa e romano). De uma forma mais ou menos assumida, esta ideia exprimiu-se de várias formas e em várias épocas. Por exemplo, na poesia da Mensagem de Fernando Pessoa.
Ao longo dos poemas “Os Lusíadas” e “Mensagem”, é possível observar que o rei D.Dinis é retratado de forma ligeiramente diferente.
Ao longo de “Os Lusíadas”, o reinado de D.Dinis é caracterizado como pacífico e próspero, no qual fundou a Universidade que transferiu para Coimbra, promulgou novas leis e reformou o país. Porém falta uma alusão à construção do pinhal de Leiria.
Na “Mensagem”, D.Dinis é considerado um símbolo da importância da poesia na construção do Mundo: Pessoa vê D. Dinis como o rei capaz de antever o futuro e interpreta isso através das suas acções – ele plantou o pinhal de Leiria, de onde foi retirada a madeira para as caravelas, e falou da “voz da terra ansiando pelo mar”, ou seja, do desejo de que a aventura ultrapasse a mediocridade.
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