O Mito da Neutralidade Científica - Leblon e Marcuse
PÓS-GRADUAÇÃO EM FILOSOFIA (CURSO À DISTÂNCIA)
DISSERTAÇÃO DE FILOSOFIA DA CIÊNCIA – 2ª DISSERTAÇÃO
PROFESSOR: MONICA FONSECA WEXELL SEVERO
ALUNO: Warton João Lima Gonçalves
MATRÍCULA: 143547
TURMA: 04456
Questão proposta: É lícito afirmar que a neutralidade científica é um mito? Comente os textos de Lévy-Leblond e Marcuse. (Uma lauda)
Resposta dissertativa
Tanto Marcuse quanto Leblond rejeitam com seus argumentos a pretensa neutralidade científica. E suas argumentações têm vários pontos convergentes.
Marcuse alega que de fato houve uma época na qual a ciência contribui para o bem-estar social, derrubando preconceitos, ideologias ultrapassadas, princípios de autoridade equivocados sobre determinados assuntos (tal como era o caso do Religião Cristã querendo se pronunciar em assuntos de ciência natural), conseguindo ela se firmar como saber, mantendo um distanciamento e independência frente ao poder político. Com isso a ciência surgiu e conquistou o seu respeito e lugar na sociedade. O cientista passou a ser tradicionalmente visto como homem de amor ao conhecimento, preocupado apenas com o saber puro, não contaminado por interesses políticos ou econômicos, sendo um sujeito neutro em questões de religião e política, por exemplo. Seu distanciamento e independência perante tais setores de poder, presentes em qualquer sociedade, seriam essenciais para que não houvesse interferência no trabalho do cientista.
Mas tanto Leblond como Marcuse rejeitam a existência dessa postura da parte dos cientistas atuais. Se isso já existiu em outra época, hoje está longe de ser verdadeiro. A neutralidade científica é um mito convenientemente mantido nos dias atuais. É óbvio que os cientistas trabalham para governos e particulares. Seus campos de pesquisa são financiados em conformidade com os interesses empresariais e políticos. O meio acadêmico não é feito inclusive de pessoas despretensiosas, desprovidas de ambição pelo prestígio e fama