o meu pe de laranja lima
Ex.: Que feliz que eu estou com a desilusão que me deste!...
18. Os tipos. As peças de Gil Vicente não visam criticar indivíduos determinados mas instituições, classes ou grupos sociais. Para tal, Gil Vicente constrói as suas personagens como detentoras de características atribuíveis ao grupo social, profissional ou etário a que pertencem, evitando que haja conflitos psicológicos interiores. São personagens tipo que representam uma classe, uma profissão, uma idade.
Ex.: o Fidalgo que representa a nobreza; Brízida Vaz representa as Alcoviteiras, etc.
Os traços dessas personagens, muitas vezes exagerados para serem bem nítidos e perceptíveis, fazem delas, frequentemente, caricaturas.
19. Estrutura Externa.
. A peça não tem qualquer divisão externa, como aliás era próprio do teatro medieval.
. Não há propriamente uma acção encadeada, evolutiva e dinâmica que obrigue as personagens a entrar e a sair do palco muitas vezes. Assistimos a uma espécie de desfile de tipos que se sucedem no cais, sujeitam-se às críticas do Diabo e do Anjo e, por fim, acabam por embarcar na barca que lhes está destinada. . De início, estão no estrado apenas três personagens: o Anjo, o Diabo e o Companheiro. O seu número vai aumentando progressivamente de maneira que, quando o auto finda, devem estar dezassete personagens em cena. Ao fazer a contagem, convém recordar que o pajem que acompanha o Fidalgo, bem como as moças que seguem a Alcoviteira, uma vez que não entram em qualquer batel, se retirariam do estrado ao fim das respectivas cenas.
. Consideramos a cena dedicada à Justiça, cujos co-protagonistas são o Corregedor e o Procurador, como única, embora, se aplicássemos as regras clássicas, a tivéssemos de dividir em duas