O mercado das carnes secas e a produção das oficinas do siará grande
Leonardo Cândido Rolim PPGH/Universidade Federal da Paraíba e-mail: leonardorolimhist@gmail.com
Introdução
A grande extensão do litoral setentrional do Estado do Brasil foi, certamente, um dos motivos que levou os agentes régios na colônia associados às instituições metropolitanas a levarem a cabo, juntamente com os mercadores da praça do Recife interessados em aumentar sua zona de atuação e aos senhores de engenho buscando alternativas econômicas, a conquista e colonização dos sertões das chamadas capitanias do norte do Estado do Brasil 1. Após a definitiva expulsão dos holandeses de Pernambuco em 1654 as ameaças de incursões estrangeiras (holandesas, francesas, inglesas) eram um perigo iminente. Todavia, foi logo depois das primeiras notícias de descoberta de ouro no interior do continente, no crepúsculo do século XVII, que a efetiva ocupação por colonizadores das terras habitadas pelo índio tapuia, chamado de “bárbaro”, se fez necessária aos olhos da Coroa Portuguesa. Por não se saber na época exatamente a extensão das terras, acreditamos que foi engendrado um projeto de colonização para os sertões da capitania de Pernambuco – mesmo que não fosse, de fato, o principal objetivo da Coroa Portuguesa nos últimos anos do século XVII e no primeiro quartel do XVIII. A abertura por terra de um caminho até o Estado do Maranhão também ganhava destaque. A difícil relação do governador da capitania de Pernambuco com o Governador Geral do Estado do Brasil, que vivia na cidade de Salvador, talvez tenha incentivado de alguma maneira o avanço da fronteira da zona produtora de açúcar. A região que se localizava ao norte do rio São Francisco e ao sul do rio Potengi, na capitania do Rio Grande, correspondia à região de fato colonizada até não mais do que 70 quilômetros para o interior 2. O avanço colonizador se