O menino e o bruco
Maria, em duas partes. Na primeira, o leitor encontra o menino que precisa vender doces, para ajudar em casa. É mulato, magrinho, feio, gago e epilético, tem o olhar melancólico e vive no Morro do Livramento. Na noite de Natal, antes de ir à Missa do
Galo, Joaquim Maria anda muito, tentando vender os doces. Como não consegue, vai até o Cosme Velho, e pára à frente da casa de dois andares, onde diziam morar um bruxo. O menino sente-se mal, e quando acorda está no interior da casa, amparado por um homem elegante, “um senhor de idade, barba e cabelos grisalhos, bem vestido, com uma sobrecasaca preta, camisa branca, gravata.”(p.34) Reconhecendo aquele que diziam ser um escritor famoso, Joaquim Maria, que adorava escrever, resolve pedir conselhos ao grande mestre, que lhe serve jantar e o trata com carinho. Na conversa, muito do fazer literário machadiano é tematizado, e aparecem até trechos de textos de Machado de Assis.
Enquanto esperava pelo jantar, o menino resolve ir ao jardim, onde encontra uma linda jovem, chamada Capitolina, por quem fica, imediatamente, fascinado. Esta lhe pede que converse com o autor, para que mude o romance no qual é personagem.
Quer ser retratada como uma mulher que encontra um grande amor, se casa, tem quatro filhos e é muito feliz. Nada de mortes. Promete, então, que será a Capitu de Joaquim
Maria, só dele. O rapaz volta transtornado para o interior da casa, tenta convencer o bruxo de fazer a troca, o que lhe é negado. O homem afirma ao menino:
Você chegou ao futuro, mas agora terá que voltar, terá que ser o menino que você é. O menino Joaquim Maria é o pai do homem. Eu só poderei existir se você prosseguir em sua trajetória.
Sem que fique clara a saída da casa, ele se vê deitado na rua, acudido por outro homem, que lhe compra todos os doces e o leva até a Candelária, para que se encontre com os pais e assista à Missa