O menino e a doida
O século XVIII com as revoluções liberais, protestantismo e romantismo deu a sensação de liberdade, o sentimento de homem como ser individual que pensa sobre si mesmo, sobre seus sentimentos e também sua razão. Porém essa liberdade foi moldada pouco a pouco pelo chamado Regime Disciplinar, uma contradição pois a liberdade dos homens não poderia seguir livre. O RD seguiu seu movimento por todos os aspectos da vida humana: as idades do homem, setorizando empresas, burocracia, o ensino, as línguas e também a razão.
Quando se lembra que norma significa esquadro em latim, entende-se esse movimento normatizador como uma imposição de regras a uma existência qualquer na tentativa de retificar, padronizar. A norma aplicada na razão além de criar questionamentos sobre sua própria veracidade, cria preconceitos e segregação, que são vistos na relação entre os garotos e a senhora, as atitudes violentas dos garotos e o refugio da senhora devido as pedras. Segregação vista também nos hospitais psiquiátricos, um espaço para se colocar pessoas indesejáveis, lugar esse que objetiva o controle e passividade do paciente, onde talvez deveria ensinar o paciente a como lidar com sua própria razão, segundo sua normatividade.
A trama final do caso, quando o garoto descobre a senhora por traz do personagem da doida, ali deitada, com seus pertences abarrotando o quarto, graças as pedradas dele e de outros meninos da rua. Essa parte da história não foi contada a ele pelos adultos, ele nunca considerou que dentro daquela casa