O curta-metragem – “E no meio passa um trem” – de Fernando Meirelles e de Nando Olival aborda temas como profissão e casamento. Não é desnecessário ratificar que esse projeto foi premiado em três festivais: 27º Festival de Gramado (1999), 10º Festival Internacional de Curtas Metragens de São Paulo e 4º Festival de Cinema do Recife. A tese do curta é as semelhanças entre as personagens principais – bandido e policial. Os dois profissionais, apesar de terem comportamentos diferentes (um é fora da lei e o outro não), no fundo, são muito parecidos. Um bom exemplo é: ambos cometem o homicídio. A justificativa de cada um pode até ser distinta, porém eles não deixam de praticar o mesmo ato de violência. Além de não terem o tempo necessário para suas respectivas famílias e essas julgarem de forma negativa o trabalho que as personagens praticam. Para defender essa tese, foi usada a técnica do paralelismo. São utilizados planos em associação para comparar o que cada personagem tem a dizer sobre a sua vida, e, às vezes, sobre o mesmo assunto, como a repugnação pelo estupro. Tudo isso, ao mesmo tempo. Através da montagem, o pequeno filme consegue objetivar com mérito o planejado. Os cortes excessivos, ora mostrando o bandido ora mostrando o policial, trouxeram ao espectador uma mistura do bem com o mal. A linguagem é bastante expressiva e a partir dela também podemos analisar o curta. O bandido tem uma linguagem religiosa, calma. Ele busca todas as respostas em Deus. Se tudo é de um certo jeito, é porque Ele quer que seja assim. Já o policial, tem uma linguagem mais ofensiva, explosiva. Ele possui uma linguagem com falta de afeto. Tudo o que acontece é consequência da atitude do próprio ser humano. Uma curiosidade bem interessante é a cor das camisas das personagens. O preto, geralmente associado ao mau, é a cor da camisa daquele que tem o dever de aprovar a paz, o policial; e o bandido, usa branco, a cor mundialmente conhecida como cor da paz.