O massacre de Civitella Vai di Chiana
O massacre de Civitella Vai di Chiana (Toscana, 29 de junho de 1944)∗:
Alessandro Portelli
Começo a trabalhar na minuta deste ensaio em 21 de agosto de 1995. Ontem, pela segunda vez em tini mês, a mão de uni desconhecido pintou uma suástica preta na pedra que marca o local, a poucos passos de onde moro, no qual os alemães, em junho de 1944, ao baterem em retirada de Roma, mataram 13 prisioneiros, militares e civis (entre eles, Bruno Buozzi, um dos fundadores do movimento sindical italiano).
Poucas semanas mais tarde, os alemães montaram sua linha defensiva perto de
Arezzo, na Toscana.
Em 29 de junho, as tropas de ocupação alemãs executaram 115 civis, todos homens, em Civitella Val di Chiana, uma cidadezinha montanhesa nas proximidades de Arezzo, na Toscana. Neste mesmo dia, 58 pessoas, incluindo mulheres e crianças, foram mortas no povoado vizinho de La Cornia, e 39 no vilarejo de San Pancrazio.
Tudo indica que esses atos foram uma retaliação pelo assassinato ele três soldados alemães por membros da Resistência, em Civitella, em 18 de junho.
“Ouvi fortes estampidos, batidas nas portas com mosquetes e ordens bruscas.
De repente nossa porta foi sacudida por violentas batidas. Fui abri-la e dois alemães entraram na casa corri rifles abaixados; inspecionaram cada cômodo e ordenaram que saíssemos. Em meio a estampidos de tiros e gritos comecei a andar, deixando o povoado acompanhada de meus filhos. Deparei-me com uni espetáculo chocante!
Muitos homens Já eram apenas corpos, banhados no próprio sangue; as casas ardiam em chamas, mulheres e crianças seminuas saíam das casas empurradas pelos alemães. Refugiamo-nos na mata, com outras mulheres cujos maridos, irmãos ou pais haviam sido mortos” (Arma Cetoloni, viúva Caldelli).1
∗
Em: Usos Marieta de Moraes Ferreira y Janaína Amado. Usos & abusos de la História Oral.
Cap. 8. Fundação Getulio Vargas. Brasil. 1998. pp. 103-130.
1
Em Bilenchi, Romano.