O marxismo para pensar a questão do meio-ambiente
O argumento principal é o seguinte: o homem constrói sua história ao transformar a sociedade, a natureza e a si mesmo, mas não existem limites impostos pela natureza. Por conseguinte, a natureza é concebida como um conjunto de recursos que podem ser utilizados.
Marx apresenta a interpretação fundamental das “leis de movimento” da acumulação capitalista como moldadas pelas contradições sociais e não pelos limites impostos pela natureza. Aquelas que Marx chamava “interpretações vulgares” da divergência entre a oferta de recursos naturais e a demanda do homem de produtos da natureza, particularmente acentuadas na teoria de Thomas Malthus, exibem um naturalismo desumano, que Marx rechaçava já em seus primeiros trabalhos contra o idealismo alemão.
Já em seus primeiros trabalhos, Marx entendia a prática humana como parte de um metabolismo homem-natureza. Os seres humanos têm que satisfazer suas necessidades e o fazem de maneira social, de forma tal que as necessidades de uns são satisfeitas pelo trabalho de outros – e vice-versa: as necessidades destes outros pelo trabalho e a produção dos primeiros. O conceito de necessidades é uma categoria central no pensamento Marxista que assinala o caráter mútuo das atividades de produção e consumo do homem em uma sociedade determinada. Em A Ideologia Alemã (Marx e Engels, 2007) ouvir, ver, sentir, querer, amar, todos estes “órgãos da individualidade humana” são entendidos como “apropriação” e até a consciência é produzida socialmente. As necessidades e as formas de satisfazer essas necessidades são a base da divisão do trabalho que também tem como pré-requisito o reconhecimento mútuo dos indivíduos sociais como tais. Marx diz que é necessário levar em conta o “sistema de necessidades” e o “sistema de trabalho”; mas não está seguro