O Manifesto Farroupilha
O Governo de Sua Majestade Imperial, o Imperador do Brasil, tem consentido que se avilte o Pavilhão Brasileiro, por uma covardia repreensível, pela má escolha de seus diplomatas, e pela política falsária e indecorosa de que usa para com as nações estrangeiras. Tem feito tratados com potências estrangeiras, contrários aos interesses e dignidade da Nação. Faz pesar sobre o povo gravosos impostos e não zela os dinheiros públicos. Tem contraído dívidas tais e por tal maneira que ameaçam a ruína da Nação. Tem permitido contrabandos vergonhosos e extremamente prejudiciais. Faz leis sem utilidade pública e deixa de fazer outras de vital interesse para o povo. Esgota os cofres nacionais com despesas supérfluas e não cura do melhoramento material do País. Não aproveita nem ao menos sabe conservar as riquezas naturais do subsolo brasileiro. Não administra as províncias imparcialmente. Permite a mais escandalosa impunidade em seus agentes, desprezando as queixas que contra eles se dirigem. Permite um tráfego vergonhoso no pagamento da dívida pública, na distribuição dos cargos públicos, na administração da justiça, e finalmente em todos os atos da pública administração. Tem posto em prática uma política feroz e covarde com respeito a estrangeiros e nacionais, que chama rebeldes. Tem desprezado e mesmo punido como a crimes as mais justas e atendíveis representações do povo. Tem invalidado mandados de habeas corpus legais. Tem conservado cidadãos longos tempos presos, sem processo de que constem seus crimes. Vilipendiou o espírito nacional, ligando-se a uma facção estrangeira e adversa ao Brasil. Sem o indispensável consentimento legislativo, tem armado estrangeiros para escorar suas arbitrariedades. Estes males, além de outros muitos, nós os temos suportado em comum com as outras províncias da União brasileira; amargamente os deplorávamos em silêncio, sem contudo sentirmos abalada a nossa constância, o nosso espírito de moderação e de ordem. Para que