O LUDICO NA EDUCAÇÃO INFANTIL
V. O ESPETÁCULO E A CULTURA DO NARCISISMO
Nas últimas décadas, constituiu-se no Ocidente uma nova carto¬grafia do social, em que a fragmentação da subjetividade ocupa posi¬ção fundamental. Esta fragmentação é não apenas urna forma nova de subjetivação, mas a matéria-prima por meio da qual outras modalida¬des de subjetivação são forjadas. Em todas essas novas maneiras de construção da subjetividade, o eu se encontra situado em posição pri¬vilegiada. No entanto, esse autocentramento do sujeito no eu assume formas inéditas, sem dúvida, se considerarmos a tradição ocidental do individualismo iniciada no século XVII. 10
Com efeito, a subjetividade construída nos primórdios da moder¬nidade tinha seus eixos constitutivos nas noções de interioridade e reflexão sobre si mesma. Em contrapartida, o que agora está em pau¬ta é uma leitura da subjetividade em que o autocentramento se conju¬ga de maneira paradoxal com o valor da exterioridade. Com isso, a subjetividade assume uma configuração decididamente estetizante, em que o olhar do outro no campo social e mediático passa a ocupar uma posição estratégica em sua economia psíquica.
Nesta perspectiva, as formulações de Lasehl I e Debord12 sobre a existência de uma cultura do narcisismo e da sociedade do espetáculo
15 Duniont, L. O individualismo. Rio de Janeiro. Rocco, 1981. li Lasch, C. The Culture of Narcissism. Nova York, Warner Barnes Books, 1979.
12 Debord, G. Lu Société du spectacle. Paris, Gallimard, 1992.
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MAL-ESTAR NA ATUALIDADE são instrumentos teóricos agudos para que se possa realizar a leitura das novas formas de subjetivação na atualidade. Por