O lobo dos homens
Não podemos nos esquecer da origem da formação de Freud, herdeiro da fina psiquiatria, cujo diagnóstico era parte da relação médico/paciente e como tal constituia-se como anterior à teoria. A teoria era construída simultaneamente à análise do caso e não anterior a ele. Hoje parte-se de manuais de CID 10 e DSM IV para diagnosticar como se os critérios diagnósticos fossem universais. O interesse maior é pela sistematização de doenças, pela descrição fenomenológica dos sinais e sintomas e não mais pela função deles e pelo que eles significam para um determinado paciente. É por isso que grande parte dos estudos dedicados ao Homem dos Lobos parte de uma superficialidade e não da verdadeira construção do caso clínico.
Todavia, acredito que um leitor pouco afeito à psicanálise poderia dizer que assim como a psiquiatria moderna sistematizou as doenças, também o fez a psicanálise ao diferenciar a neurose de uma psicose e de uma perversão. Não seriam elas também classificações fenomenológicas? É evidente na obra de Freud que, ao falar das estruturas clínicas, seu interesse maior não incidia sobre a descrição sintomatológica, mas sobre a função deste