O livro de Hannah Green
A autora pontua algum dos eventos que podem ter contribuído para estruturação da sua personalidade. Um exemplo foi uma cirurgia realizada no interior de sua genitália para extração de um tumor. A rejeição dos vizinhos devido ao preconceito que os mesmos tinham em relação a sua família, a exclusão do colégio por conta de seus comportamentos excêntricos e o fato de, mesmo sendo judia, passar anos em uma colônia de férias anti-semita. Estes são alguns acontecimentos que podem ter sido determinantes para o início de seus delírios em uma tentativa frustrada de escapar de uma realidade aversiva à qual não se adaptava.
O quadro patológico da protagonista (Deborah) era caracterizado por delírios elaborados e complexos, onde criou um mundo paralelo com sua própria linguagem e personagens ao qual deu nome de Yr. O alto grau de elaboração destes delírios, de acordo com a psicanálise, está relacionado tanto ao nível cognitivo quanto ao do estado patológico. Yr pode ser caracterizado pela psicanálise como um delírio de grandeza ambicioso da personagem, já que em seu mundo imaginário, ela, no início do delírio, era tida por todos como uma rainha. Pode-se perceber também delírios de influência e perseguição, onde Deborah era perseguida por personagens imaginários que constantemente exigiam que a protagonista emitisse determinados comportamentos, e em outros momentos, influenciavam-na decidindo por ela o que deveria ou não ser dito.
Um fato também percebido no desenvolver da história, foi a necessidade angustiante da família em encontrar uma relação contingente entre a interação familiar e a estruturação psicótica de Deborah. A dúvida que perpassa a mente de sua mãe, por exemplo, era “será que faltou amor?”. No entanto, a questão correta