O legado funcionalista
Sidnei Ferreira de Vares
1. Introdução
O presente artigo tem por intento fomentar uma discussão em torno das teorias funcionalistas em sociologia da educação, enfocando sua influência quanto a construção do mito da “escola democrática”. Considerados herdeiros do positivismo, os teóricos funcionalistas foram, durante a segunda metade da década de 60 e limiar dos anos 70, muito criticados por suas posições, consideradas a-históricas e deterministas.
Longe de resolver os problemas educacionais, a tendência funcionalista acabou, em muitos casos, por reforçá-los. Com efeito, proponho uma abordagem histórica, buscando identificar a gênese do pensamento funcionalista em educação, analisando algumas das pesquisas realizadas por seus principais representantes.
2. A influência do positivismo em educação: o pensamento sociológico no século XX
O pensamento pedagógico positivista consolidou a concepção burguesa de educação. No interior do iluminismo e da sociedade burguesa, duas forças antagônicas tomaram forma desde o final do século XVIII. De um lado, o movimento popular socialista; de outro, o movimento elitista burguês. (GADOTTI, 1999, p. 107)
A sociologia da educação nasceu positivista. Tal afirmativa mostra-se pertinente, se levarmos em conta que os primeiros pensamentos sociológicos direcionados à educação parecem advir dos autores pioneiros, que modelaram e deram vitalidade à ciência sociológica, ainda durante o século XVIII.
Sabemos que a educação e a escola não foram pensadas somente dentro desta perspectiva, sendo ambas abordadas por outras correntes de pensamento. No entanto, parece que a preocupação destes primeiros autores com a educação e, principalmente, com o papel da escola na sociedade, deram à sociologia educacional uma face positivista, que perdurou pelo menos até a década de 60. Com efeito, a sociologia da educação nasce, enquanto ciência, atrelada