O legado do regime militar brasileiro
Com o advento do golpe civil-militar brasileiro, em 1964, o país atravessou um longo e obscuro período sob o autoritarismo das Forças Armadas, marcado por uma série de torturas, desaparecimentos e exílios, além da repressão e populismo notórios no governo Médici. Ainda que o Brasil tenha passado pelo processo de redemocratização há cerca de três décadas, até hoje perduram as cicatrizes de tal regime.
A tendência dos governos federais de realizar obras públicas de grande porte é um claro vestígio do período militar. Especialmente entre os anos de 1969 a 1973, o governo promoveu a construção das chamadas “Obras Faraônicas”, como a Transamazônica e a Ponte Rio-Niterói, que tinham como lema o “Brasil Grande”, projeto ufanista-nacionalista financiado pelo Milagre Econômico. A construção da hidrelétrica de Belo Monte e das arenas esportivas por todo o Brasil remontam as práticas do governo militar, não apenas em sua grandiosidade, como também em sua banalidade.
A educação também passou por diversas reformas, como o acordo MEC-USAID, entre os sistemas educacionais brasileiro e estadunidense, que visava padronizar o ensino de acordo com o modelo dos EUA. Tal medida eliminou um ano de estudos, reduziu a carga horária de algumas matérias, como História e retirou outras, como Filosofia, alienando os estudantes, além de implantar as disciplinas Organização Social e Política Brasileira e Educação Moral e Cívica. Para muitos, o acordo representou a regência estadunidense sobre a educação brasileira e a privatização do ensino. Hoje, reflexos dessa política podem ser observados na má qualidade da educação pública brasileira, que apesar de abranger um maior número de jovens, ocupa a 88ª posição no ranking de educação da ONU.
Assim, as heranças do regime militar brasileiro são inúmeras e abrangem não só o campo político como também toda a estrutura sociocultural do país, uma vez que diversas mudanças promovidas pelo governo militar não