O lado sujo do campo
O lado sujo do campo
Homofobia no futebol deixa de ser empurrada para debaixo do tapete
Texto: Alice Orth
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Quando grande parte do mundo se voltar contra as severas leis de punição à homossexualidade na
Rússia, descobrimos também a nossa sujeira. Uma foto no Instagram do atacante do Corinthians Emerson Sheik foi o estopim para manifestações homofóbicas na internet. Nela, o jogador aparece beijando um amigo. Um grupo identificado como integrante da torcida organizada Camisa 12 protestou em frente ao centro de treinamento do Corinthians, com cartazes que traziam mensagens como “viado aqui não” e “aqui é lugar de homem”, exigindo a retratação do jogador. A atitude acendeu discussões por todo o País. Em entrevista à rede
Bandeirantes, Sheik respondeu aos ataques: “O mundo do futebol é muito machista. Quero deixar claro que em nenhum momento desrespeitei alguém. Acho que é um preconceito babaca”.
No futebol, muitos termos pejorativos são criados, como “Maria” para os jogadores do Cruzeiro, e
“Bambi” para os sãopaulinos. O professor e torcedor gremista Eduardo Santana, 22, acredita que o problema da foto é dar munição aos adversários: “Você não quer que nenhum outro torcedor oposto tenha armas contra você, e ter um jogador gay vai criar um alvo de piadas”. O psicólogo Rogério Borges Abrão explica: “Se tornar homofóbico ou qualquer outra atitude social tem raiz na necessidade egoica de pertencer a um grupo”, diz ele. “
Podemos dizer que no desejo da criança de se identificar com pais, familiares e amigos ela passa a assumir o discurso destes como seus e a praticálos.” Para Abrão, “o futebol é rotulado como um esporte para homens, devido ao mesmo simbolismo de luta dos séculos anteriores onde apenas homens iam para a guerra.