O jardineiro fiel
TIPOS DE CONHECIMENTO
Se você for visitar uma aldeia de índios no meio da mata e perguntar para uma criança indígena de seis anos o que é uma árvore, provavelmente essa criança vai lhe falar nomes de mais de trinta tipos de árvores diferentes, mostrando e diferenciando cada uma delas. Além disso, vai especificar a utilidade que essas árvores possuem para a sua comunidade. Se essa mesma pergunta for feita a uma criança urbana, uma resposta possível será um desenho básico com raiz, caule, folhas e frutos, especificando que se trata de um ser vivo pertencente ao reino dos vegetais. O que se percebe na situação descrita anteriormente é que estamos diante de dois tipos diferentes de conhecimento: o primeiro, eminentemente prático, diretamente relacionado à sobrevivência, passado de geração em geração pela tradição oral; o segundo, teórico, sistematizado, com o objetivo de informar, passado por intermédio de livros, revistas, documentários de televisão e até mesmo um professor, quando a criança consegue prestar atenção. A partir dessa situação, coloco um desafio ao leitor: qual dos dois tipos de conhecimento pode ser considerado melhor? A pergunta anterior é muito interessante para um fórum de discussão. Antes que o caro leitor sinta-se tentado a respondê-la, devemos ter em mente que todo e qualquer conhecimento é válido. Um raizeiro (pessoa que vende raízes de plantas) possui um conhecimento prático de ervas que pode ser muito útil. O chá de camomila como relaxante, o chá de boldo para problemas de fígado e o chá de erva-baleeira como antiinflamatório são alguns exemplos que demonstram a utilidade prática desse tipo de conhecimento informal. Invariavelmente, muitos dos princípios ativos pesquisados nessas plantas medicinais acabam virando fármacos (remédios) avalizados pela medicina (conhecimento formal). Ao longo da história da humanidade, iremos distinguir quatro tipos de conhecimento: o