O início da psicologia científica
Aula 02 - História de Psicologia 2007/2 O início da psicologia científica
Leslie Spencer Hearnshaw Hearnshaw, L. S. (1987). The shaping of modern psychology
(Capítulo 9, pp. 124-148). London: Routledge.
(Traduzido por Caroline Passuello, Mariana Raymundo e Mayte Amazarray e revisado por Cristina Lhullier e Janaína Pacheco.) I
A psicologia científica nasceu nas Universidades alemãs no século XIX e, desde então, difundiu-se para todo o mundo desenvolvido. Este nascimento na Alemanha não foi acidental. A psicologia científica é um produto da universidade moderna que, com sua dupla ênfase no ensino e na pesquisa, foi primeiramente estabelecida na Alemanha. Conforme observou, um século atrás, o historiador James Bryce “não existe nenhum povo que tenha dado tantas idéias e tanto suor para o desenvolvimento do sistema universitário como os alemães têm feito - em nenhum outro setor da vida nacional eles se dedicaram tanto”.1 Como resultado da fragmentação da nação alemã em numerosos reinos, ducados, bispados e cidades autônomas, bem como da falta de um governo central efetivo antes de 1870, havia muito mais universidades na Alemanha do que em qualquer outro país europeu.
Na ausência de um Estado ou de uma Igreja unificados, as universidades tornaram-se um condutor primordial da cultura nacional. Com o desenvolvimento da faculdade de filosofia no século XVIII, a fim de complementar as tradicionais faculdades de teologia, direito e medicina, surgiu a idéia da ampla e enciclopédica “Wissenschaft”, abrangendo todo o conhecimento, humanístico e científico. A Universidade de Göttingen, fundada em 1734, foi a incorporação da “Wissenschaft, assim como do importante ideal de “Lehrfreiheit” - a liberdade dos professores universitários de dirigirem suas aulas e suas pesquisas sem interferência ou constrangimento, e a liberdade do aluno de estudar o que fosse de seu interesse e escolher os