O Invasor
O filme "O homem que virou suco" percorre a temática dos migrantes nordestinos que durante o auge da industrialização brasileira, entre as décadas de 1960 e 1980, vieram para a região Sudeste procurar trabalho nas "terras de oportunidades". Como personagem principal do filme, Deraldo (José Dumont) sai do nordeste para conseguir trabalho para a sua sustentação, buscava sua identidade atravéz da poesia e seus folhetos artísticos, mas era tratado com discriminação pela polícia por não possuir sua documentação de cidadão e por não trabalhar formalmente; mesmo tentando não consegue sobreviver da venda de sua poesia popular em São Paulo e cede a pressão social passando a buscar um trabalho de “verdade”; trabalha no mercado, na construção civil, na construção do metrô e na casa de madame, por fim se vê fracassado por não se enquadrar em nenhum dos espaços do mundo do trabalho.
O desenvolvimento do capitalismo é em grande parte responsável por gerar a necessidade do povo brasileiro de se deslocar para as grandes metrópoles, aonde a industrialização substituiu a força humana pela máquina. Na maior parte das cenas retratadas por João Batista de Andrade, o diretor busca contextualizar e retratar as condições de existência e os destinos dos proletários migrantes, destacando as forças do capital, que buscam extrair a humanidade do sujeito humano, tornando-o passivo à dominação e a exploração, acabando por fim a virar “suco”.
O filme pretende ilustrar as diversas faces camufladas do mundo do trabalho através da trajetória do personagem principal, uma personagem-alegoria que representa os milhares de proletários nordestinos que tentam a vida na cidade grande. Severino é o personagem através dos qual o diretor consegue pensar o trabalho alienado como elemento que rompe de forma violenta e simbólica as vidas humanas de homens e mulheres migrantes.
Em um segundo momento do filme, Deraldo passa a buscar seu sósia, Severino (mesmo ator)