O invasor
O selo Má Companhia (Companhia das Letras) surgiu este ano para suprir a republicação destes autores fora-da-lei – e fora de catálogo, diga-se. Em tempo, já chegaram às livrarias brasileiras quatro edições: Tanto faz & Abacaxi, as duas novelas oitentistas de Reinaldo Moraes que ganharam uma edição única; Sonetos luxuriosos, de Pietro Aretino, poemas escritos por volta de 1525; e o recém lançado Não há nada lá, de Joca Reiners Terron.
Primeiro lançamento da Má Companhia, em março de 2011, O invasor de Marçal Aquino, publicado originalmente há exatos 10 anos, em 2001, pela Geração Editorial, paralelo ao lançamento do filme homônimo de Beto Brant, a narrativa traz consigo uma prosa simples, concisa, direta e surpreendente, tradição já extendida nas melhores obras da escola neo-realista italiana.
Quando Ivan e Alaor, sócios de uma empresa de construção civil, decidem dar um jeito em Estevão, seu inocente, porém majoritário sócio, por causa de uma licitação fraudulenta em que Estevão naufraga, eles conhecem Anísio, um homem que “sabe olhar uma pessoa e dizer direitinho quem é ela e o que faz na vida”. Mas é aí que a dupla de personagens acaba encontrando o cara errado para o serviço errado. Isso porque Anísio é mais do que um assassino profissional, ele é o Invasor. Após o triunfo do plano, Ivan, que é o narrador principal, tal qual o ladrão “arrependido” do Evangelho, embarca numa crise de consciência pelo fato de ter aceitado executar seu antigo “amigo”, enquanto Anísio, o personagem-título, busca sua auto ascenção invadindo a vida – literalmente – dos personagens que o rodeia.
Em sua jornada rumo à ruína dos personagens, alternando entre o jogo de intriga, as ameaças, o sexo caudaloso e o assassinato