O Impr Prio E O Impertinente Na Apropria O Das Pr Ticas Sociais
Ana Luiza Bustamante Smolka**
RESUMO: Nosso objetivo, neste trabalho, é discutir um certo modo de conceber e elaborar teoricamente a questão da apropriação das práticas sociais, não estritamente ligada ao construto de internalização, mas relacionada principalmente ao problema da significação. Esse deslocamento encontra-se ancorado na concepção de mediação do signo no desenvolvimento humano e na tese formulada por Vygotsky de que as funções mentais são relações sociais internalizadas. Argumentando pela necessidade de considerar a apropriação como uma categoria essencialmente relacional, enfocamos e problematizamos as significações das ações humanas, considerando que todas as ações adquirem múltiplos sentidos, tornam-se práticas significativas, dependendo das posições e dos modos de participação dos sujeitos nas relações.
Palavras-chave: Apropriação, significação, práticas sociais
Internalização, apropriação, significação
A questão da internalização tem sido amplamente discutida, sobretudo nas últimas décadas (Wertsch e Stone 1985, Zinchenko 1985, Davidov e
Radjiskowsky 1985, Leontiev 1981, Rogoff 1990, Mayer 1992, dentre outros).
Nas elaborações teóricas envolvendo o conceito, Vygotsky (1984) procurou
* Este texto se insere no âmbito dos trabalhos desenvolvidos no Grupo de Pesquisa Pensamento e Linguagem, da Faculdade de Educação da Unicamp, e está articulado ao Projeto
Integrado de Pesquisa “Práticas sociais, processos de significação e educação prospectiva”, que conta com o apoio do CNPq. Uma versão preliminar do mesmo foi apresentada no IV
Congress of the International Society for Cultural Research and Activity Theory, em Aarhus,
Dinamarca, em junho de 1998.
** Professora doutora da Faculdade de Educação, Unicamp. E-mail: asmolka@obelix.unicamp.br
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Cadernos Cedes, ano XX, nº 50, Abril/00
explicá-lo como a reconstrução da atividade psicológica baseada na operação com signos. Leontiev