o impossível

“O Impossível”
Um tsunami devastava a costa asiática. O mundo assistia à maior tragédia dos tempos modernos. Uma tragédia que, de uma forma ou de outra, todos lamentámos. No entanto, uma lamentação distante, legítima a quem vê a catástrofe pelo pequeno ecrã da televisão. Para estes, o acontecimento depressa se transforma na sua consequência: números, mortos, imagens devastadoras, o rasto da destruição. A dimensão humana de uma catástrofe desta natureza escapa por completo a quem não a vivenciou. Não sabemos o que é feito dos sobreviventes e muito menos nos passa pela cabeça como é a experiência de sobreviver a um tsunami.
“O impossível” dá-nos a conhecer, num plano bem mais próximo e de uma forma intimista, a realidade pelos olhos de quem a viveu. Durante as quase duas horas de filme, não somos mais espectadores, somos também vítimas, num filme onde a manipulação das emoções atinge o seu auge. O ponto de partida é a história verídica de uma família espanhola apanhada pela investida das ondas e cujos cinco membros tiveram a rara felicidade de sobreviver àquela que foi uma das maiores catástrofes naturais da história. Desta feita, Juan Antonio Bayona, realizador espanhol que já havia concretizado “O Orfanato” (2007), reuniu as estrelas Naomi Watts e Ewan McGregor para darem vida a Maria e Henry e reproduzirem a trajetória desta família desde o tsunami que os viria a separar, até ao reencontro.
Depois da celebração do Natal, Maria e Henry desfrutam das férias na piscina do hotel com os três filhos quando, num segundo, a calma que viviam se torna na experiência mais agoniante das suas vidas. Bayona assume o controlo da sequência, o contraste entre os momentos que antecedem o tsunami e o impacto da onda propriamente dita é impecavelmente realista e denunciado por uma série de aspetos técnicos bem concretizados. O realizador espanhol sabe como filmar a aflição de quem vive a catástrofe e sabe como dar ênfase à “pequenez” do ser humano nesta situação. A sequência em