O impacto do trafico de escravos sobre a Africa
Autores como Paul E. Lovejoy admitem uma relação causal entre o tráfico atlântico e o subdesenvolvimento africano. O assunto é controverso, vai desde os autores que consideram que o tráfico de escravos era excessivamente marginal para afetar de forma significativa a economia africana, até autores que consideram que a escravidão modifica completamente o quadro econômico; outros consideram que não havia escravidão propriamente dita na África, e há ainda alguns que buscam demonstrar que o tráfico atlântico se desenvolve sobre um sistema já previamente disponível.
A escravidão na África tem três etapas de desenvolvimento: de 1350 a 1600 (onde prevalece o tráfico transaariano), 1600 a 1800 (tráfico atlântico) e 1800 a 1900 (ocupação imperialista da África); nesse processo o escravismo se torna fundamental para a economia política africana, ocupando uma área geográfica cada vez maior e transformando completamente a ordem social, econômica e política, sempre sob a pressão do comércio exterior.
A escravidão pode ser definida como uma forma de exploração onde o escravo é concebido como propriedade e como tal desprovido de herança social; o senhor dispõe livremente de sua força de trabalho e sua sexualidade e do direito de coerção; como propriedade podia ser comprado e vendido, com eventuais restrições da moral religiosa à separação de famílias, sobretudo crianças. A escravidão é via de regra aceitável quando imposta ao estrangeiro, ao alienígena, ao diferente; seja por não pertencer ao mesmo grupo religioso, seja por pertencer à outra raça ou falar outro idioma. Além da capacidade de trabalho (fator econômico), a posse sexual é outro elemento significativo na escravidão: daí que os escravos mais caros são eunucos (castrados) e mulheres de beleza incomum. A escravidão podia ocorrer incidentalmente numa determinada sociedade, sendo demograficamente pouco significativa e de pouca monta, não tendo influência sobre a estrutura