O Ideal de beleza
1-1: Idealização da beleza humana É claro que não se pode definir objetivamente a beleza, visto que ela não é uma propriedade imutável que se atribui ou não aos objetos, mas uma sensação própria do sujeito que a percebe, ajustada aos seus valores pessoais, ainda que tais valores estejam inevitavelmente subordinados aos valores culturais e histórico-sociais de determinada sociedade em dado tempo histórico. A beleza é relativa, não há como negar, mas essa relativização é profundamente ofuscada pela busca de uma essência ideal, um padrão de beleza.
As transformações dos padrões de beleza do corpo feminino ao longo do tempo marcaram a evolução de diferentes visões sociais acerca do modelo estético que deveria ser incorporado pelas mulheres. A forma como as mulheres eram retratadas no período colonial, por exemplo, distancia-se bastante do modelo buscado atualmente. Além desse processo corrente, isso evidencia também que os padrões são produtos de uma cultura.
A antiguidade clássica, entre os gregos, talvez tenha presenciado a primeira tentativa de padronização e idealização da forma humana. A beleza humana era tema de reflexão de filósofos como Pitágoras, para quem o modelo de beleza ideal deveria seguir um padrão matemático, um corpo perfeitamente simétrico e proporcional, assim como nas "justas regras artesanais" preconizadas por Platão. Assim, as belas esculturas produzidas pelos artistas helenos tinham como meta a perseguição da beleza idealizada, em nada relacionada com as imperfeições dos corpos do mundo real.
Durante a Idade Média, a nudez tão presente nas representações da antiguidade desapareceu sob as mais duras interpretações religiosas. Sob ótica cristã medieval, o corpo (sobretudo o feminino) estava intimamente ligado às concepções em torno do que seriam as virtudes morais adequadas. Nesse sentido, o próprio conceito de beleza estava atrelado ao plano espiritual, representando a criação divina, portanto sem qualquer autonomia. As