o homem
Falte-te, é verdade, ó nobre e histórica rua de Sant’Ana, falta-te já aquele teu respeitável e devoto arco, precioso monumento da religião de nossos antepassados, e que, certo é, mais te vedava a pouca luz do céu “material” que tuas augustas dimensões deixam penetrar, mas era ele em sim mesmo, foco da espiritual luz de devoção que ardia no bendito nicho consagrado à gloriosa santa do teu nome.
Caíste pois tu, ó arco de Sant’Ana, Como, em nossos tristes e minguados dias, vai caindo quando aí há nobre e antigo às mãos de inovadores plebeus, para quem nobiliarquias são quimeras, e os veneráveis caracteres heráldicos de rei-d’armas-Portugal língua morta e esquecida que nossa ignorância despreza, hieroglíficos da terra dos Faraós antes de descoberta a inscrição Damieta! – Assentaram os miseráveis reformadores que uma pouca de luz mais e uma pouca de imundície menos, em rua já
RECONHECIMENTO NO PRESENTE DA AUSência: memórias de infância
Localização TEMPORAL: Andava, entre outras, de imemorial posse, na sua correição e jurisdição harmônica, a parte música instrumental e vocal da festa de Sant’Ana do arco. Corria o ano de 182..., PAGINA 2
Fora fatídica, fora fatal ao bendito arco a agourenta queda de José U!
Capítulo II
A Conversa das Vizinhas
Pois bons quinhentos anos antes deste fatal acontecimento, fora esse arco de Sant’Ana testemunha e próprio lugar de cena, da interessantíssima história que vou relatar, e que extraí, com escrupulosa fidelidade, do precioso manuscrito achado na livraria reservada do reverendo Prior dos Grilos, a quem Deus perdoe não ter deixado na sua cela, quando fugiu, nem uma caixa de doce, nem uma garrafa de vinho potável, nem gulosice de nenhuma espécie, das que eram de esperar