O homem e suas duas naturezas
Por Carlos Bernardo González Pecotche (Raumsol)
Quando Deus criou o homem, sua concepção foi perfeita. Fê-lo superior a todo outro ser vivente sobre a Terra e concedeu-lhe a graça de possuir duas naturezas: a física e a espiritual. Isto explica a sobrevivência do espírito humano, já que, ao cessar a vida física, permanece a espiritual, formada com os elementos eternos constitutivos da existência.
A natureza física, dotada de um perfeito organismo com função automática e permanente à margem da vontade, com sistemas biológicos que atuam e se comunicam maravilhosamente entre si, e um mecanismo psicológico que se resume na alma, sempre cumpriu e continuará cumprindo sua missão humana dentro das necessidades, limitações e perspectivas que dizem respeito à vida do homem. Nessa natureza física, que constitui a base material da existência humana, ficou plasmada uma parte ponderável de sua altíssima concepção, dando lugar a seu gênero como criatura superior; mas essa parte, com sua admirável organização biológica, só tem por finalidade articular a vida com base em necessidades e perspectivas materiais. Pelo exposto se entenderá que a natureza física é perecível, e o é em virtude de sua corruptibilidade, que culmina com sua desintegração, fato que não ocorre com o espírito, por ser imutável sua natureza. As mudanças evolutivas que formam os elos da perpetuidade não se produzem nela, mas sim na célula hereditária, que vai forjando o destino individual. A natureza espiritual do homem diferencia-se da física pelo fato de ser incorpórea e imperecível O ser humano deve compreender que todos os seus esforços haverão de encaminhar-se para o predomínio de sua natureza espiritual, para experimentar em sua consciência a sensação cabal da perenidade. Chegará, assim, à consubstanciação das naturezas física e espiritual, ou seja, à conjunção harmônica de dois organismos diferentemente constituídos: um, de pura essência mental, superior;