O homem sem qualidades: modernidade, consumo e identidade cultural
O homem sem qualidades: modernidade, consumo e identidade cultural
Silvia Pimenta Velloso Rocha
Mestre em Comunicação (UFRJ) Mestre em Filosofia e História das
Idéias Universitéde Nice), Doutora em Filosofia (PUC-RJ), Professora da ESPM (Rio), Professora Adjunta (UERJ/FEBF) e Professora Titular
(UniverCidade)
Resumo
Este artigo busca conceituar o termo “copyleft” – ou seja, um “anti-copyright”, uma licença que permite a livre reprodução e distribuição sem fins lucrativos da produção intelectual. Simultaneamente, desenvolve a discussão: será que essa disseminação do conhecimento é verdadeiramente uma democratização ou apenas um cosmético nas estratégias de propaganda? Percebe-se que o mercado tende a aprender a domar essas
“insubordinações” para tirar proveito das técnicas de guerrilha cultural, sob o custo de uma democratização relativa da informação.
Abstract
A traditional society leaves litlle choice to it’s members, since it’s institutions define a priori their identity. Modernity, on the contrary, offers us every choice – but as it releases man from the institutions wich stablished his place, it imposes him the task to create his identity.
The comsumption appears as the locus of such a construction: by adopting certain “lifestyles” – attitudes, values and consumption habits – modern man creates his identity.
O homem sem qualidades: modernidade, consumo e identidade cultural
N3 | 2004.2
Em uma passagem do romance escrito por Robert Musil na primeira metade do século passado, Ulrich – o homem sem qualidades do título – decide reformar sua casa. Diante de um decorador que lhe promete uma casa de acordo com seu estilo, Ulrich entra em pânico: descobre que não sabe que estilo deseja e nem mesmo quem é. Partindo de uma decisão aparentemente banal envolvendo móveis e padronagens, Ulrich se vê tomado por uma perplexidade existencial:
“A ameaça ‘dize-me como moras e eu te direi quem és’, que lera tantas vezes em