O Homem Elefante
Logo de início, o circo apresenta seu show de bizarrices, no qual o homem elefante, interpretado por John Hurt, é a atração principal. Tratado como se fosse de fato um animal em razão de sua rara doença, o homem que posteriormente se apresenta como John Merrick sente-se coagido e parece não conseguir enxergar em si próprio um ser humano. Apenas quando o Dr. Frederick Treves se revolta com a exploração que é feita de John e resolve tentar ajudá-lo de alguma forma, dividido entre seu humanismo e a ética, é que o próprio homem elefante começa a se descobrir com alguém tão normal como qualquer outro.
John Merrick pode parecer, a princípio, uma exceção em razão de seu físico, mas, na verdade, é a representação de algo/alguém que foge da normalidade cotidiana, daquilo que é classificado como comum, e por isso sente na pele o preconceito, já que tudo o que é diferente tende a ser visto com receio e medo pela sociedade. A situação enfrentada pelo homem elefante não difere de problemas pelos quais outras muitas pessoas com alguma deficiência ou diferença passam.
É assim, ao realizar essa identificação com o espectador, que a história se estabelece como uma narrativa atemporal – e faz sua mensagem ser compreendida e, acima de tudo, sentida. Sensível na construção do enredo, O Homem Elefante mostra a jornada de auto descobrimento de um homem que, por ser diferente, aceitava de forma passiva ser considerado uma aberração. O desenvolvimento do personagem e suas novas percepções de mundo emocionam.
Explorado durante muito tempo pelo responsável pelo circo, John sente-se sempre na defensiva e é incapaz de cometer um ato de maldade contra aqueles que ainda se aproveitam de sua imagem e o maltratam, justamente por ser, no fim das contas, um ser humano, expondo, ao mesmo tempo, o lado animal - e desumano - daqueles que se consideram normais. E é quando o próprio médico reflete sobre seu caráter, ao ponderar a hipótese de ter se tornado aquilo