O gesto e a palavra
Obra: GOURHAN-LEROI, André. O gesto e a palavra 2- Memória e Ritmos. Lisboa: Edições 70, Lda.
Capítulo XIII
Os símbolos da sociedade
O gesto técnico é criador de formas, que, retiradas do mundo inerte, se prestam à animação. [...] A vida dos animais estende-se ao longo do percurso da espécie genética, mas a vida dos grupos humanos só pode enfrentar a substituição da ordem genética pela ordem étnica a coberto de um tempo, de um espaço e de uma sociedade inteiramente simbólicos, interpóstos, à semelhança das costas de uma ilha, entre a estabilidade necessária e o movimento anárquico do mundo natural. (p. 121)
A domesticação do tempo e do espaço
O facto humano por exelência não é tanto a criação do utensílio mas talvez a domesticação do tempo e do espaço, ou seja a criação de um tempo e de um espaço humanos. (p. 121)
[...] o Australantropo é o primeiro representante actualmente conhecido, que tem todo um caminho a percorrer até atingir atingir o escalão sapiens. Um pouco antes de o atingir, surgem, com os últimos Paleontopídeos, os primeiros vestígios do simbolismo gráfico. (p. 122) A integração num espaço e num tempo concretos é comum a todo o ser vivo, facto a que já fizemos alusão a propósito da estética fisiológica; entre os animais, esta integração traduz-se de diferentes formas, mas particularmente a nível de uma percepção de segurança obtida através da inclusão do indivíduo no espaço e no ritmo da manada, nas suas reacções no interior do perímetro de segurança ou ainda, através da sua inserção num refúgio fechado, permanente ou temporário[...] é inútil procurar estabelecer novamente uma ruptura entre o animal e o humano a fim de explicar no que nos diz respeito, a presença de sentimentos de fixação ao ritmo da vida social e ao espaço habitado. Tal como a mão está presente desde o macaco sem que tal implique qualquer tecnicidade no sentido humano[...]. (p. 122)
[...] a partir do Paleolítico superior, os fenómenos de inserção