O Futuro do Português
A nossa língua está sempre em constantes mudanças.
Eisvaissai logo pa eischega cedo.
A língua que a gente fala pode ser assim no futuro. Não entendeu? De acordo com a gramática atual, seria: “Eles vão sair logo para chegar cedo”. Lendo em voz alta, nem é tão distante do que se ouve por aí, pois a fala do presente traz pistas da gramática do futuro. Mesmo assim, brasileiros de hoje dificilmente se entenderiam com os do ano 2500 – ou com portugueses de 1500.
Para qualquer língua, 5 séculos é muito tempo: só para citar um exemplo, usar o verbo “ter” com sentido de “existir”, fundamental em qualquer conversa, é coisa de 100 anos pra cá. Pense na dificuldade que temos com a Carta do Descobrimento, de Pero Vaz de Caminha. Para decifrar “da marinhagem e das singraduras do caminho”, é preciso um dicionário, como no estudo de um novo idioma. Essas mudanças ocorrem porque línguas são metamorfoses ambulantes, moldadas pelas necessidades dos usuários – não pelas regras gramaticais.
É como se o português do Brasil fosse uma sopa, eternamente no fogo, que recebe ingredientes e temperos e ao longo do tempo vai tendo o seu sabor alterado. Palavras nascem, crescem ou se encurtam, se combinam, mudam de sentido e de pronúncia e, um dia, morrem. Que gosto isso vai ter a gente não garante, mas, nas próximas páginas, damos a receita do prato. Bom apetite.
Neologismo delivery
O português brasileiro, diferentemente do lusitano, é extremamente aberto a novas experiências. Importar e adaptar palavras é uma tendência antiga e continua sendo força poderosa para definir Vo futuro da nossa língua. “Vocês são muito abertos aos estrangeirismos e incorporam com extrema naturalidade vários termos”, diz o português Augusto Soares da Silva, lingüista da Universidade Católica Portuguesa. “Há uma tendência inata para isso, diferente da do português de Portugal, que transforma o ‘mouse’ em ‘rato’.” Augusto fez uma pesquisa comparando jornais de Portugal e do Brasil dos