O futebol
Além de ser um fator alienador o futebol também trouxe ao brasileiro um pouco de sua dignidade de volta. Nossa identidade foi perdida na nossa colonização e nos nossos governos falhos, então como sempre damos um "jeitinho brasileiro" por meio desse esporte encontramos maneiras de construir uma nova identidade. De um Brasil, alegre, guerreiro, esperançoso e capaz. Repare que esses mesmos adjetivos podem ser dados à nossa seleção brasileira de futebol.
Usamos o futebol para nos por acima daqueles que subjugávamos superiores (Ingleses, franceses, alemães etc). Pois assim podíamos estufar o peito pra dizer "Sou do país campeão do mundo no futebol". Era um título fútil, mas era um título.
E Nelson Rodrigues soube narrar muito bem isso nesta crônica, onde ele relata o sentimento do povo brasileiro ao ganhar a primeira Copa do Mundo em 1958:
"Agora, com a chegada da equipe imortal, as lágrimas rolam. Convenhamos que a seleção as merece. Merece por tudo: não só pelo futebol, que foi o mais belo que os olhos mortais já contemplaram, como também pelo seu maravilhoso índice disciplinar. Até este Campeonato, o brasileiro julgava-se um cafajeste nato e hereditário. Olhava o inglês e tinha-lhe inveja. Achava o inglês o sujeito mais fino, mais sóbrio, de uma polidez e de uma cerimônia inenarráveis. E, súbito, há o
Mundial. Todo mundo baixou o sarrafo no Brasil. Suecos, britânicos, alemães, franceses, checos, russos, davam botinadas em penca. Só o brasileiro se mantinha ferozmente dentro dos limites rígidos da esportividade. Então, se verificou o seguinte: o inglês, tal como o concebíamos, não existe. O único inglês que apareceu no Mundial foi o brasileiro. Por tantos motivos, vamos perder a