o fumante
Lá pelos idos de 2008, quando eu ainda trabalhava com atendimento ao público, uma cliente idosa me perguntou se eu estava grávida. Quando recebeu a resposta negativa, em vez de ficar sem graça - como, acredito, a maioria das pessoas normais reagiria - a senhora levantou da cadeira, pegou na minha barriga e disparou aos berros: "então o quê é isso?".
Aquilo, claro, era gordura. A cliente mal educada ainda voltou no dia seguinte, trazendo indicação de médico "porque uma menina bonita e nova como você não pode ser gorda desse jeito". Apesar de toda a raiva e da vontade praticamente irresistível de mandá-la catar coquinho no mato, engoli em seco, coloquei um sorriso amarelo no rosto e prossegui com o atendimento. Gente sem noção existe em todo o lugar e se tem uma coisa que eu aprendi na vida, é que se eu retrucar da mesma forma, me torno exatamente igual ao que eu não quero ser.
Emagrecer não é fácil. Essa frase, que parece tão óbvia para tanta gente, deve ser um verdadeiro mistério para uma quantidade cada vez maior de pessoas sem noção. Por que são incontáveis a quantidade de vezes que eu já escutei "só é gordo quem quer", "para emagrecer basta fechar a boca" e outras tantas baboseiras parecidas. Eu já fui magra. Eu era uma criança magra, passei boa parte da adolescência brigando com a balança e fazendo horas de exercício para manter a forma e lá pelos 23 anos de idade não consegui mais.
Queria muito aprender como não recuperar o peso perdido. Se eu fizesse a conta de quanto eu já emagreci na vida, provavelmente o número se aproximaria dos 100 kg. Perdi muitas vezes 5kg, outras tantas 10kg, uma vez consegui emagrecer 20kg em um mês e em outra, 25kg. No desespero de caber no vestido de noiva apelei para a sibutramina. Em outra vez, mais ou menos um ano depois do casamento, apelei novamente para o remédio para tentar recuperar a forma. Foi a última vez que emagreci com a ajuda de