O Fracasso escolar e a medicalização da educação
Atualmente, apesar do tema fracasso escolar parecer estar fora de moda, ele continua muito presente e constante na realidade educacional brasileira, fazendo com que a psicologia considere relevante compreender e intervir nas situações onde não foram alcançados os objetivos de ensino e aprendizagem, buscando cada vez mais conhecimentos úteis para a superação desse fenômeno. Hoje, dentro do fracasso escolar, vem ganhado bastante atenção o fenômeno da medicalização na educação, no qual as questões sociais são tratadas como questões médicas, produzindo a sensação de existirem problemas pessoais e intrínsecos em cada indivíduo e não no sistema educacional em si. Assim, esses temas vêm ganhando atenção especial, tendo em vista que sua compreensão é passível de possibilitar a atuação dos estudiosos e educadores diretamente sobre os determinantes sociais e políticos inscritos na produção desses fenômenos.
O fracasso escolar, em um breve histórico, tem pressupostos na teoria do capitalismo humano, interligado às teorias da marginalidade e carência cultural que elaboraram estratégias de políticas educacionais nos anos 60 e 70, além de criarem políticas sociais de cunho compensatório que buscavam conter determinados conflitos sociais. Os referidos programas tinham por objetivo substituir a família da camada populacional, uma vez que esta era considerada por alguns psicólogos e educadores como sendo incapaz de promover e estimular adequadamente seus filhos. Assim, foi ficando comum que a criança fosse colocada na instituição escolar cada vez mais cedo para, com isso, complementar as supostas carências cognitivas, culturais, afetivas e até mesmo nutricionais.
Nesse caminhar, algumas obras produzidas no campo da psicologia se empenharam em fortalecer a individualização do desempenho escolar e das desigualdades sociais, desenvolvendo para isso, pesquisas e explicações teóricas que tinha por finalidade a criação do conceito