O fenômeno religioso
Vivemos um tempo de muitas inquietudes e questionamento a cerca da importância da religião no mundo atual; fala-se de uma sociedade pós-industrial, pós-cristã ou sociedade do conhecimento. Uma das principais características do momento em que vivemos é a intensidade com que acontecem as transformações. O mundo antigo e medieval era mais estático, por milênios o cavalo foi o meio de transporte mais veloz.
Os inúmeros avanços tecnológicos acabaram impondo transformações na concepção de tempo, que de cronológico passou para simultâneo, isto é, em tempo real e no espaço, que de concentrado e localizado, passou a ser desterritorializado. Ambos, tempo e espaço, repercutem nas relações sociais e, consequentemente, na religião.
Com o advento da ciência moderna, ocorreu o que Max Weber chamou de desancamento do mundo; tudo levava a crer que o céu ficou vazio, os santos se calaram e o sagrado deu lugar ao método científico.
A partir do século 18, a ciência avançou triunfalmente, em um mundo em que Deus poderia ser facilmente descartado. A religião foi expulsa do banquete do saber acadêmico, ficando restrita à vida privada.
Quem anda nas ruas de Porto Alegre deve ter se deparado com outdoors nos quais constam as seguintes inscrições: “Somo todos ateus com o deus dos outros”, “Religião não define caráter”, “Fé não dá respostas. Só impede perguntas”. Trata-se de uma campanha publicitária promovida pela Associação Brasileira de Ateus e Agnósticos.
Tudo isso nos leva a propor um debate sobre a pertinência da religião no mundo moderno. E aqui, levantaria o seguinte questionamento: Se a função da religião é dar sentido à existência humana, qual o seu papel em um mundo que pode viver sem Deus, contra Ele, ou sem Ele?
Para entender a dinâmica do mundo religioso atual, faz-se necessário perceber as mudanças promovidas pela modernidade e que se traduzem na capacidade de livre escolha que o homem