O Eu e o Outro
Vygotsky afirma que é por meio do convívio com o outro que o homem se constitui. Acredito que a partir do momento em que eu percebo o outro, passo a me formar, pois é o referencial do outro, que vai constituir o que sou, vai fazer-me perceber minhas atitudes corretas e incorretas, cabíveis e não cabíveis.
Ao mesmo tempo, que ao olhar para o outro, me percebo, existe a relação mútua e recíproca, pois o outro se vê de igual forma; portanto, há uma espécie de avaliação mútua, onde constantemente nos invadimos com olhares e julgamentos, vivendo assim, uma vida dirigida por olhares externos.
No filme, a ideia de Sartre é evidenciada de forma muito forte, no momento em que o médico descobre John Merrick e de alguma forma, enxerga-se nele, colocando-se em seu lugar e tem o desejo de tira-lo daquele local. A partir daí, estabelece-se uma relação entre ambos, que só irá caminhar rumo ao perfeito estado mental de John, no momento em que o mesmo se vê no médico. Durante o filme, é evidenciado o pensamento de Sartre, quando afirma que não há separação entre o eu e o outro no momento em que um toma consciência do outro. A temática do olhar e ser olhado, no filme, percebemos quando a atriz vai visita-lo, enxergando nele Romeu, enquanto o guarda levava pessoas para zombarem e se divertirem, enxergando no mesmo indivíduo um monstro. Geralmente, vemos nos outros nossas próprias características e são através de nossas atitudes, que julgamos as do próximo, tanto, que existe um dito popular que diz que o que mais incomoda no outro, são as características que possuimos.
Acredito que nos encontramos olhando para o outro, porém o olhar do outro nos coisifica, nos diz como devemos nos vestir, nos comportarmos, nos comunicarmos. São os ambientes, os indivíduos, todos os fatores externos que contribuem para a formação de nós mesmos, exercendo assim, um valor muito maior do que realmente deveria. Porém, o que se fazer? Como nos libertarmos disso? Como nos libertarmos dos