O estilo artigas
João Batista Villanova Artigas. Arquiteto brasileiro de obra respeitada, personalidade marcante, professor acima de qualquer circunstância. Defensor de qualidade em todos os níveis, da contribuição brasileira ao conjunto da cultura universal. Militante político para quem as questões sociais assumem a maior relevância. Polêmico, era portador de discurso farto e de prática conseqüente. Digno, severo, bem humorado, irônico, apaixonado, indignado, instigante, contundente. Arrojado e simples a um só tempo...
Dalva Thomaz
Sendo um dos mais importantes arquitetos brasileiros do século XX, autor de uma obra vasta e coerente, portadora de uma beleza que emociona quem percorre os espaços que construiu, Villanova Artigas não viu o seu nome projetado internacionalmente com a eloqüência que provavelmente merecia.
“Você tem que inventar a arquitetura de acordo com a visão do mundo. Isso é Artigas”, explicou-se certo dia Paulo Mendes da Rocha, quando eu, como estrangeira, procurava reconstruir a imagem desse arquiteto, falecido em 1985, que carrega a paternidade da “escola paulista”. A repercussão dos seus ensinamentos frutificou num grupo de arquitetos locais com uma linguagem plástica e técnica únicas, com tal consistência que neles se reconhece a fixação a um modelo estável.
Para suas particularidades e invenções, essas manifestações arquitetônicas extravasaram inclusive a figura patriarcal de Oscar Niemeyer, sobre quem escreveu um dia o grande Darcy Ribeiro, num excesso que somente a profunda amizade justifica, seria o único brasileiro contemporâneo de que o mundo se lembraria daqui 500 anos.
A herança de Artigas sobrepõe-se então aos desígnios da história, condição que amplia o seu pioneirismo por voluntariamente fixar um “estilo paulista”. Todavia, como é próprio dos precursores, rebelando-se contra a hegemonia das suas premissas uniformizadoras. Até porque Artigas teve a oportunidade, rara entre os pedagogos, de definir um projeto de ensino de