O Estatuto Da Filosofia Da Educa O Pesquis Vel 1
ESPECIFICIDADES E PERPLEXIDADES
1.Introdução
Na verdade, quase toda a nossa investigação - especialmente a desenvolvida nos campos da antropologia e da epistemologia - tem confluído nos últimos anos, precisamente, na filosofia da educação.
Por outro lado, a ponderação exigente feita em torno das questões educativas, conduziu-nos sempre, mais cedo ou mais tarde, ao cerne
das grandes problemáticas filosóficas, acontecendo que, neste percurso, não se afiguram muito claros os limites dos espaços relativos, designadamente, dos saberes filosófico e pedagógico. A partir daqui, revela-se, à filosofia, um domínio imenso de indagação.
Domínio pleno de riscos que sendo, assim, olhado com desconfiança, contém igualmente, por isso mesmo, enormes potencialidades para a reflexão filosófica.
É neste contexto que, no presente trabalho:
- Há a preocupação de, demonstrando-se a especificidade da filosofia da educação, a situar no nexo das problemáticas tradicionais da filosofia, sobretudo, das que têm a ver com as interrogações sobre o ser do homem e as suas finalidades enquanto estas se abrem sobre os paradoxos da incompletude, da intencionalidade e do sentido.
- A constatação da existência de uma antropologia pedagógica é, por seu turno, ocasião para uma aproximação à antropologia filosófica a partir de algumas categorias charneira como o são as de educabilidade, perfectibilidade e defectibilidade do ser humano.
Constituindo todas elas, na sua profunda articulação, premissas dos
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discursos e das prãxis pedagógicas, são, porém, antes disso, problemáticas para as reflexões antropológicas da filosofia da educação. "Na verdade, a educabilidade remete, à partida, para as ideias de plasticidade e de maleabilidade como condições da perfectibilidade do ser humano, as quais se, num primeiro momento, parece vislumbrarem nele apetência ou predisposição intencional para a educação, numa segunda análise acabam por remeter para um outro nível da