O estado de bem estar clássico
Por Leocir Dal Pai[1]
No extrato do livro “A nova questão social” de Rosanvallon (1995), há, sobre o conceito de estado de bem-estar, referência aos “Trinta Gloriosos”, período que envolve as décadas de 1950 a 1970, em que o Estado providência – o Estado de bem-estar (Welfare State) - alcançou seu maior desenvolvimento.
Para outros autores (Lopéz, 2008, e, Nassuno, 2003), o estado de bem-estar clássico refere-se a um sistema social que caracterizou a Europa, entre o anos de 1945 a 1973, como resultado de circunstâncias econômicas, políticas e sociais. O estado de bem-estar foi possível, segundo López (2008) “graças ao crescimento intensivo que favorecia grandes incrementos da produtividade e uma expansão continuada da demanda, a constante e ampla intervenção do setor público na economia, o pleno emprego e a uma divisão internacional do trabalho...”.
Rosanvallon (1995), diz que o desenvolvimento do Estado providência quase havia chagado a vencer a antiga insegurança social e a eliminar o temor do amanhã. A utopia de uma sociedade livre da necessidade e de um indivíduo protegido dos principais riscos parecia ao alcance da mão. Porém, no princípio dos anos oitenta, o crescimento da desocupação e de novas formas de pobreza fez com que houvesse um retrocesso e o retorno aos problemas do passado, surgindo uma nova questão social.
Esta nova questão referia-se a uma inadequação das antigas soluções aos novos problemas, que agora mudaram de natureza e vão muito além dos financeiros e se concentram nos princípios organizadores da solidariedade e mesmo, na concepção dos direitos sociais.
Para Rosanvallon, há que se distinguir três dimensões que se constituíram na quebra do Estado providência: os de ordem financeira, de ordem ideológica e, finalmente, de ordem filosófica.
A crise de ordem financeira ocorre a partir dos anos setenta e tem como causa o crescimento dos gastos