O escrit rio enxuto
Lembra o modelo de produção enxuta da Toyota? Funcionou nas fábricas. Agora, as empresas tentam levá-lo para a administração
Ana Luiza Herzog, EXAME inShare Desde que começou a ser desenvolvido, após a Segunda Guerra Mundial, o modelo de produção enxuta da montadora japonesa Toyota chamou a atenção e passou a ser copiado, com maior ou menor sucesso, por milhares de empresas em todo o mundo. Até aí, nenhuma novidade. Agora vamos ao fato novo: palavras, expressões e conceitos que remetem ao modelo -- como kanban, redução de estoques, just-in-time, nivelamento da produção e melhoria contínua -- estão deixando de permear apenas o ambiente das fábricas para fazer parte do dia-a-dia dos escritórios das empresas.
O objetivo é aproveitar o sistema da Toyota -- famoso por ajudar as corporações a eliminar desperdícios e, com isso, tornar mais eficientes os processos fabris -- e tornar enxutos também os processos administrativos. A idéia vem despertando o interesse de empresas no Brasil e no mundo. Mas a tarefa de transpor os conceitos da linha de montagem para o escritório não é simples. "É fácil visualizar processos que envolvem matérias-primas, máquinas e produtos", diz Flávio Picchi, diretor de projetos do Lean Institute, uma entidade com sede em São Paulo dedicada à difusão do conceito de produção enxuta no Brasil. "Enxergar o processamento de algo intangível, como a informação, é bem mais difícil."
Em um treinamento para implementação do sistema Toyota numa fábrica, os líderes não têm muito trabalho para mostrar aos funcionários os focos de desperdício. "Basta mostrar os produtos defeituosos ou levá-los até o estoque para que eles contem os itens", diz Picchi. No escritório, o desperdício também existe, mas se apresenta de maneira menos óbvia aos olhos dos funcionários. Onde estão os estoques? Nas dezenas de relatórios produzidos por um departamento e parados há dias nos computadores à espera de uma análise que deve ser feita por outra área.