O enfrentamento do problema do crack no contexto da saúde pública.
Resposta à aids no
Brasil: contribuições dos movimentos sociais e da reforma sanitária
Alexandre Grangeiro,1
Lindinalva Laurindo da Silva 2 e Paulo Roberto Teixeira 3
Como citar: Grangeiro A, Laurindo da Silva L, Teixeira PR.
Resposta à aids no Brasil: contribuições dos movimentos sociais e da reforma sanitária. Rev Panam Salud Publica. 2009;26(1):
87–94.
Palavras-chave: síndrome de imunodeficiência adquirida, artigo histórico, política de saúde, organizações não governamentais, reforma dos serviços de saúde.
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Universidade de São Paulo, Departamento de Medicina Preventiva.
Correspondência: Avenida Dr. Arnaldo 455, 2o andar, CEP 01246-903,
São Paulo, SP, Brasil. Fone: +55-11-3061.7076; e-mail: ale.grangeiro@ gmail.com Association Nationale des Généralistes pour la Recherche et l’Étude sur l’Hépatopathie Chronique (ANGREHC). E-mail: laurindo.da. silva@ dalva.org
Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, Centro de Referência e
Treinamento de Doenças Sexualmente Transmissíveis e AIDS, São
Paulo (SP), Brasil. E-mail: pteixeira@saude.sp.gov.br
Rev Panam Salud Publica/Pan Am J Public Health 26(1), 2009
Desde o surgimento da aids no Brasil, em 1983, mais de 205 mil mortes e 506 mil casos foram registrados no país (1, 2). No mundo, somente no ano de 2007, foram
2,7 milhões de novas infecções e 2 milhões de mortes, a maior parte em países de média e baixa renda (3).
Para traçar um paralelo, buscando situações semelhantes, com um número tão grande de vítimas, é preciso voltar a outras épocas — como a idade média, quando a peste negra dizimou cerca de 20 milhões de vidas, o que representava uma parcela expressiva da população europeia, ou o início do século XX, quando a gripe espanhola matou entre 20 e 50 milhões de pessoas em todo o mundo (4, 5).
Ao final da década de 1980, os indicadores epidemiológicos da aids no Brasil eram semelhantes aos de muitos países da África Austral