O Doido e a Morte, é uma farsa em um acto. Tendo como personagens principais o Sr. Milhões e o Governador Civil, e personagens Secundárias D. Ana Baltazar Moscoso, Nunes polícia, Polícias e enfermeiros. Esta peça é uma espécie de fábula artilhada, em que o louco é afinal lúcido e de grande profundidade intelectual e a vítima um cabotino egoísta e vaidoso e vazio de quem os próximos se afastam à primeira oportunidade sem qualquer preocupação de cuidarem do seu bem-estar. Raul Brandão retrata duas personagens, O Sr. Milhões, que representa o homem mais rico de Portugal, e o Governador Civil, um homem que na realidade gostava e de ser escritor. O Sr. Milhões cansado da vida que leva, do interesse dos outros por ele ser apenas pelo seu dinheiro, ter constantemente em representação, como ele diz no texto “ Estou farto de me vestir todos os dias, de cumprimentar todos os dias, de dizer que sim todos os dias! …” está farto de não ter vida própria, que mais vale ser doido, que assim pode fazer o que quer, andar como quer. O medo de continuar a viver neste sofrimento, o Sr. Milhões decide que vai acabar com a própria vida, mas para não morrer sozinho, e no seu entender até fazer um favor ao Governador civil decide que este irá morrer consigo. Segundo a sua opinião o governador Civil não é ninguém. Na realidade todo este jogo feito pelo Sr. Milhões não passa de um teste à personalidade do Governador Civil e de todos aqueles que o rodeiam, que o abandonaram nesta hora difícil na sua vida. Mas no final quando o Sr. Milhões acciona o peróxido de azoto e nada acontece a não ser uma reacção psicológica por parte do Governador Civil, visto o que existe dentro da caixa ser apenas algodão. Na minha opinião o tema forte desta peça é: O medo de morrer por parte do Governador Civil, e o medo de continuar a viver por parte do Sr. Milhões. E estas personagens para mim não passam de dois doidos de um manicómio.
Esta peça pode ser considerada intemporal, visto ter sido escrita quase a 100