O documentário: captar a realidade
Quando Louis Lumière projetou em 1895 os seus primeiros filmes, estava inaugurada essa vontade de captar a realidade com a câmara de filmar. O documentarismo não mais iria parar de perseguir esse sonho, influenciando decisivamente e em vários momentos históricos a arte cinematográfica.
Muitos dos primeiros filmes realizados eram apenas registos de acontecimentos vários: viagens, espetáculos desportivos, cenas do quotidiano.
Mas foi Robert Flaherty, com Nanouk (1922), o primeiro grande documentarista da história do cinema. Flaherty filma a vida de uma família esquimó no norte do Canadá. Apaixonado pelos pequenos gestos do quotidiano, o realizador não hesita em reconstituir as cenas que quer filmar, pedindo a Nanouk e à sua família que representem os seus próprios papéis: a preparação das refeições, a construção de um iglu, a caça de uma foca.
Dziga Vertov, teórico do "cine-olho" e fundador do jornal Kino-Pravda ("cine-verdade"), defendeu a partir de 1920 a abolição da mise en scène, dos atores, dos estúdios, para que o cinema captasse a vida de imprevisto, sem que as próprias pessoas filmadas se apercebessem da câmara. A visão do autor seria transmitida pela organização do material fílmico (montagem) e pelos comentários (legendas). As suas teorias viriam a ter enorme influência não só no documentarismo como nas várias escolas e movimentos cinematográficos que se lhe seguiram.
A corrente documentarista inglesa, reunida à volta de Grierson, a partir de 1920, constituiu a primeira escola do gênero com uma concepção pedagógica e social do documentário.
Joris Ivens, o "holandês voador", atravessou o século com a sua câmara de filmar, tentando captar, por todo o mundo, a natureza humana. Inicialmente entusiasta da montagem, com o som, vai alterar a sua maneira de filmar, deixando a câmara ligada à espera das surpresas da realidade.
Uma opção provocada pelo aparecimento, por volta de 1960, do som síncrono. Esta evolução