O discurso é um Pharmakon
Como vimos no Elogio de Helena de Górgias Leontino uma fala bem construída pode mudar a opinião ou fortalecer um conhecimento já existente. O discurso é como um Phármakon, pois atua na alma assim como um remédio ou veneno atua no corpo humano. Ele age na memoria e na alma provocando nossas emoções e persuadindo ou enganando os ouvintes. Através do menor corpo (a palavra) o orador é capaz de retirar a dor, trazer a alegria e cativar a todos que o ouvem.
Podemos traduzir a palavra Phármakon como: remédio ou veneno. Platão considerava que o discurso poderia ser um remédio para a alma. Assim como um remédio causa bem estar e faz cessar a dor do corpo, o discurso pode ter essa mesma eficácia na alma de quem o ouvi pois através dele nós conseguimos descobrir a nossa ignorância e aprender com os outros fortalecendo assim nosso conhecimento. Porém ele também pode ser um veneno causa perca de sentidos e faz mal ao corpo, na alma o Phármakon seduz e fascina, fazendo que quem ler ou escuta não se pergunte se tais palavras são falsas ou verdadeiras assim podendo ocultar a verdade por meio das palavras.
Górgias nos mostra que o discurso tem o poder de por um fim ao medo, produzindo o sentimento de alegria, fabricando as emoções humanas em quem escuta e absorve o que quer ser passado no discurso, mas também pode provocar o medo e a piedade. O ouvinte se encontra em um momento de reconhecimento e identificação, um despertar das percepções que já existem em sua mente. Por fim o efeito que a palavra (logos) produzirá em nós é único para cada um, pois irá depender de como nossa capacidade vai absorver o que acabamos de ler ou ouvir.