O discurso da sustentabilidade e suas implicações para a educação
Gustavo da Costa Lima
Considerações Preliminares
Nas duas últimas décadas o discurso da sustentabilidade emergiu com expressão dominante no debate que envolve as questões de meio ambiente e de desenvolvimento social. Em pouco tempo, sustentabilidade tornou-se uma palavra pronunciada por diferentes sujeitos, nos mais diversos contextos sociais e assumindo múltiplos sentidos.
Sua expansão gradual tem influenciado diversos campos do saber e de atividades diversas, entre os quais o campo da educação.
No Brasil, o discurso da educação para a sustentabilidade ainda é pouco disseminado na literatura e nas práticas que relacionam educação e meio ambiente. Entretanto, a crescente difusão do discurso da sustentabilidade no contexto de um mundo globalizado recomenda a análise de seus significados e a avaliação de suas contribuições para o debate brasileiro.
O artigo procura compreender as relações entre a sustentabilidade e a educação, a diversidade de sentidos envolvidos nesta construção, o jogo de forças e interesses que nela se destacam, assim como as principais ênfases e contradições que marcam este campo discursivo.
A Emergência do Discurso da Sustentabilidade
As expressões mais recentes do discurso da sustentabilidade podem ser observadas nos princípios da década de 70 nas conferências internacionais promovidas pela ONU, nos relatórios do Clube de Roma, etc.
Contudo, as referências mais explícitas à noção de desenvolvimento sustentável estão sistematizadas nos trabalhos do economista Ignacy Sachs, que desenvolveu a noção de Ecodesenvolvimento, e nas propostas da Comissão Brundtland, que projetaram mundialmente o termo “desenvolvimento sustentável”.
Sachs propunha uma estratégia multidimensional e alternativa de desenvolvimento que articulava a promoção econômica, preservação ambiental e participação social. É marcante em seus trabalhos o compromisso com os direitos e desigualdades sociais e