O Direito das Mulheres a Cidadania e a Instrução Pública nos Escritos de Condorcet
Condorcet deixa evidente em seus documentos que a percepção de gênero se constrói em um espaço de disputa, fazendo com que não haja imediata aceitação de seu ideal na prática burguesa. Esse fato fica claro na Revolução Francesa, onde mesmo com a participação efetiva das mulheres, elas tiveram seus direitos negados pelo Estado nas comissões de quarteirão das cidades.
Na percepção de Condorcet, as mulheres não reconheciam tais direitos devido ao consenso social e histórico de que os homens tinham superioridade em relação as mulheres e que à liberdade, igualdade e fraternidade não se estendiam a população feminina. Dessa forma, Condorcet apresenta razões dos direitos à cidadania serem negados mas também apresenta razões para a conquista destes direitos, pois existem homens com capacidade inferior a de algumas mulheres, fazendo com que seja injusto não viabilizar estes direitos as mulheres.
Condorcet também defendia uma educação igualitária, para homens e mulheres, para que desta forma as mulheres também desenvolvessem um ideal de justiça equivalente ao ideal dos homens. Nesta perspectiva, o autor acredita na diminuição da desigualdade entre marido e mulher, irmão e irmã e filhos e mães, para que também obtivessem abertura na participação política. Pois, para Condorcet, “A vida humana não é uma luta na qual os rivais disputam prêmios; é uma viagem que irmãos fazem em comum e na qual cada um, empregando suas forças para o bem de todos...”( CONDORCET,2008, p.65)
Mas ele defendia que era responsabilidade das mulheres os afazeres domésticos e a educação dos filhos,